Dom Jaime Vieira Rocha
Queridos irmãos e irmãs!
Iniciamos o mês de setembro, mês da Bíblia e do Dízimo. Em primeiro lugar, celebramos neste mês as Sagradas Escrituras. A Bíblia é a Palavra de Deus nos acompanha no dia a dia da nossa caminhada. A proposta de reflexão para nossas comunidades no mês da Bíblia se baseia na Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, com o tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida” e o lema “Anunciar o Evangelho e doar a própria vida” (1Ts 2,8).
O Mês da Bíblia surgiu em 1971, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foi levado adiante com a colaboração efetiva do Serviço de Animação Bíblica – Paulinas (SAB), até posteriormente ser assumido pela Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) e estender-se ao âmbito nacional.
A reflexão geral desse mês, mas não só, nos lembra um elemento essencial e fundamental de nossa fé: Deus nos fala, o nosso Deus é um Deus que fala, que entra em diálogo. E mais ainda, como bem expressa a Constituição Dogmática sobre a Revelação divina, Dei Verbum: “Deus invisível na riqueza do seu amor fala aos homens como a amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão com Ele” (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática Dei Verbum, n. 2). Como devemos ter esse pensamento quando lemos a Bíblia ou quando, na celebração da Eucaristia, ouvimos a Liturgia da Palavra. De fato, nela encontramos unidos os dois elementos constitutivos da experiência de fé: lemos a Palavra (Primeira Leitura, Salmo, Segunda Leitura, Evangelho). É Deus que fala; mas a Liturgia da Palavra continua na resposta do ouvinte a Deus: Profissão de Fé, Preces comunitárias. Nesse dinamismo devemos ler a Palavra. Não se trata de uma simples leitura. É preciso deixar-se fecundar pela Palavra, isto é, Deus continua a nos falar para fazer de nossa vida uma comunhão com Ele. Ser fecundados pela Palavra significa que passamos da leitura à ação no Espírito vivificador presente em nossa vida, para a construção da fraternidade, da comunidade que dá testemunho da presença amorosa e misericordiosa de Deus.
Ma, setembro é vivido também, na nossa Arquidiocese, como mês do Dízimo. É o mês da realização do Encontrão do Dízimo, que neste ano se reveste de um significado todo especial. Com o Encontrão deste ano, comemoramos 20 anos da Pastoral do Dízimo. São duas décadas de evangelização, plantando a semente da partilha. Como temos a agradecer nesses 20 anos, aos padres, aos religiosos e religiosas, aos leigos e leigas, agentes da pastoral do dízimo e, sobretudo, aos fiéis dizimistas de nossas paróquias e comunidades que, através de sua doação e partilha, contribuem para que toda a comunidade viva a sua fé, nas suas dimensões: religiosa, eclesial, missionária e caritativa. A Pastoral do Dízimo é a ação eclesial que tem por finalidade motivar, planejar, organizar e executar iniciativas para a implantação e o funcionamento do dízimo e acompanhar os membros da comunidade no que diz respeito a sua colaboração com a Pastoral de Conjunto na Diocese.
Neste ano comemorativo, o tema do Encontrão é: “Dízimo, uma Igreja comprometida com a missão” e o lema: “20 anos plantando a semente da partilha”. É sempre bom lembrar: o dízimo está profundamente relacionado à vivência da fé e à pertença a uma comunidade eclesial. Ele tem quatro dimensões: a) dimensão religiosa – a vivência da fé e a pertença a uma comunidade eclesial, tem a ver com a relação do cristão e da cristã com Deus; b) dimensão eclesial – a consciência de ser membro da Igreja e corresponsável, para que a comunidade disponha do necessário para a realização do culto divino e para o desenvolvimento de sua missão; c) dimensão missionária – permite a partilha de recursos entre as paróquias de uma Diocese e entre dioceses, manifestando a comunhão entre elas (Igrejas-irmãs); d) dimensão caritativa – é “uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência” (Bento XVI).
Vivamos intensamente esse mês. Que a Palavra de Deus e a experiência do dízimo animem a nossa fé e o nosso testemunho em favor da comunidade.
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