Entenda por que os grupos do Terço dos Homens está ganhando cada vez mais participantes nas paróquias
Algo novo tem acontecido nas paróquias. De modo até tímido, temos
visto os chamados grupos de Terço dos Homens começarem e, aos poucos,
angariarem cada vez mais varões, podendo, em não poucos casos, chegarem a
mil, mil e quinhentas, duas mil pessoas para a oração do Santo Terço.
O mais importante é que, essa oração, tem transformado a vida de
muitos homens, tirado muitos dos vícios, pornografia, adultério e seitas
secretas; devolvendo-os à companhia da família e à frequência dos
sacramentos da Igreja. Por isso achei importante escrever um livro que
descrevesse todas essas maravilhas.
A obra retrata o que vem a ser o Terço dos Homens, a origem do
movimento em nosso país, como acontecem essas conversões e o que se
passa no íntimo desses homens. No entanto, não me contentei em falar
somente do Terço dos Homens sob o aspecto da vida de oração e seus
efeitos, mas vi uma ótima oportunidade de falar também de vida, de
assuntos de interesse masculino, e ofertar alguma literatura que pudesse
dar um norte ao homem de hoje, como é pedido pelo movimento Mãe Rainha
três vezes admirável de Schoenstatt – de quem veio o principal impulso,
nesses últimos tempos, para a propagação do Terço dos Homens –, em que
um dos pilares dos grupos de Terço é a formação humana para os homens.
Tenho percebido que, a partir da oração do Rosário, os homens têm se
convertido, voltado aos sacramentos e, a partir disso, buscado um
sentido maior para a vida deles; daí vem a segunda parte do título do
livro: ‘A grande missão masculina’.
Mas qual é essa grande missão?
Vou relatar, brevemente aqui, quatro características das quais Deus
pensou para o homem em sua origem, desde quando formou o ser masculino, a
fim de que, esse chegue a concretizar sua missão neste mundo.
Acolhedor – Deus fez o homem primeiro que a mulher.
Por quê? Para ele ser maior que ela? Não! Para que, a partir do que Ele
criou, preparar-lhe o ambiente. O homem é como o anfitrião da mulher.
Podemos ver essa imagem também na cultura judaica. Quando
um casal estava prometido em casamento, sabemos, pela tradição, que a
obrigação de construir a casa era do homem e, no dia do casamento, ele
ia buscar, com os seus amigos (cf. Jo 3,29), a noiva, que o esperava na
casa de seus pais junto com as virgens (cf. Mt 25,1). Portanto, a mulher
foi dada ao homem, o Senhor a apresentou a ele (cf. Gn 2,22). Temos de
ver as mulheres de forma diferente da que o mundo nos propõe; temos de
vê-las pela ótica do Senhor, ou seja, como Deus as vê. A partir daí,
conseguiremos enxergar a riqueza daquela que compartilhará nossa vocação
esponsal.
Portanto, se um homem não respeita, não acolhe nem tem cuidado com a
mulher, se ele a enxerga como objeto de sua satisfação, está agindo fora
de sua própria essência, pois está desobedecendo ao sentido de sua
existência e, consequentemente, não se realizará enquanto pessoa, não
será feliz.
Você já viu algum homem feliz ou de bem com a vida, que usa ou expõe
uma mulher, que a tortura psicologicamente, a agride verbal ou
fisicamente?
Condutor – O homem deve “Chamar para si a
responsabilidade de guiar sua esposa e seus filhos pelos caminhos
corretos e santos para chegarem ao Céu. […] Conduzir aqui não significa
ser opressor, invasor, centrado em si mesmo, que faz com que todos sigam
seu pensamento. Mas simboliza o sacrifício de si próprio para o
bem-estar do outro. Muitas vezes, aquele que vai à frente numa viagem, é
o que se dispõe a colocar-se primeiro diante dos riscos, justamente
para assegurar a vida daqueles que vêm atrás. Ele motiva e estimula
quando necessário, mas está atento aos seus e ao ritmo diferente de cada
um. Certa vez, lendo um livro de espiritualidade, encontrei uma
representação do que é isso:[..] ‘Quando meu pai colocou o anel no dedo
da minha mãe, e o padre os declarou marido e mulher, Nosso Senhor
entregou ao meu pai um cajado, que parecia um pauzinho curvo de Luz,
tratava-se de uma graça que Deus dá ao homem. É um dom de autoridade de
Deus Pai, para esse homem guiar o pequeno rebanho que são os filhos, que
nascem desse matrimônio, e também para defender o matrimônio’ (Lv. O
livro da vida! Da ilusão à verdade. POLO, Glória. Goiânia: América Ltda,
2009. p. 40)”.
Paternidade – A mais profunda vocação do homem é ser
pai. Ele nasce e se desenvolve para isso. O homem, com tudo o que lhe
pertence – seus dons, talentos e habilidades, todo seu conhecimento,
prática e técnica que adquire, tudo o que desenvolve durante sua vida –,
só encontrará plena realização se canalizar tudo para o exercício da
sua paternidade.
Geralmente, é a figura paterna quem ensina o filho a andar de
bicicleta – segura-o para não cair, soltando-o quando vê que ele já
adquiriu certo equilíbrio, ainda que o pequeno não confie em si mesmo. A
criança experimenta o prazer de ser desafiada pelas ocasiões da
existência e alcançar pequenas vitórias pessoais. Também é o pai quem,
na maioria das vezes, brinca pedindo ao filho que pule de alguma altura
para segurá-lo no colo. Dificilmente, veremos uma mãe brincando assim!
Tudo isso vai sendo registrado na cabecinha da criança como: “Você é
capaz”, “Eu acredito em você”, “Existe alguém junto com você, alguém que
o olha, mesmo quando você se sente sozinho no desafio”.
Na pré-adolescência ou juventude, também é comum que seja o pai a
ensinar como o mundo funciona ou até mesmo ensinar um ofício ao seu
filho. Jesus aprendeu a ser carpinteiro com seu pai José.
Se um pai não gosta de trabalhar, é adúltero ou cultiva vícios, seu
filho seguirá seu exemplo ou entrará em “pé de guerra” contra ele.
Enfrentamento – “O substrato básico do ser humano
está na feminilidade, e o sexo masculino, para se desenvolver, precisa
surgir por meio de um esforço”. Isso é verdadeiro biológica, psíquica e
espiritualmente. Todo homem precisa de uma luta.
Biológico, pois o embrião inicialmente é feminino. Se seguir de forma
linear, ou seja, conforme já vem acontecendo o desenvolvimento do
embrião desde sua fecundação, nascerá então uma menina. Para que surja
um menino, é preciso que ocorra uma revolução química. Não que não haja
as propriedades masculinas, o cromossomo Y está ali, mas precisa
acontecer essa revolução.
Psíquico, porque tanto o menino quanto a menina são criados pela mãe;
consequentemente, ficam mais tempo com ela. As meninas estão em
harmonia com a mãe e se desenvolvem femininas. O menino precisa se
afastar do mundo da mãe e, ao afastar-se, torna-se homem.
Espiritual, porque “o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher”.
Desde pequenos, buscamos autenticar nossa masculinidade – competimos
entre nós, desafiamo-nos, impomos condições, ritos de passagem para
sermos aceitos e aprovarmos o outro.
Todo homem precisa ter por que lutar. O prêmio final, a vitória será a
consequência do que adquirirmos durante a batalha. Portanto, a grande
missão masculina é sermos acolhedores, condutores e paternos,
enfrentarmos o mundo como linha de frente.
Que grande graça é o Terço dos Homens! A partir da oração simples,
mas feita com o coração, ele pode revelar e autenticar todas essas
características que Deus já depositou em nós.
Não canso de repetir que esse movimento é iniciativa de Nossa
Senhora, a mulher que gerou Jesus e quer formar; gerar em nós
características; infundir em nós o mesmo Espírito de Seu Filho divino.
Cristo é o modelo do homem que frequenta o Terço dos Homens.
Por Sandro Arquejada, via Canção Nova
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